quinta-feira, outubro 25, 2007

UM REENCONTRO COM A HISTÓRIA, DE 3 a 30 DE NOVEMBRO NO BAZAR DAS MONJAS

apresenta

UM REENCONTRO COM A HISTÓRIA

Exposição da Provável Cabeça de Uma Estátua de São Bernardo de Claraval, Datada de 1669, Após Mais de Um Século de Ausência do seu Lugar Original, Um Nicho Exterior Situado no Lado Sul da Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Cós


Inauguração da Exposição: dia 3 de Novembro de 2007, pelas 15 horas

Patente ao Público até dia 30 de Novembro de 2007

Diariamente das 13:00 às 23:00 horas

(excepto às Segundas-Feiras)


Bazar das Monjas de Coz – Projecto Cultural

R. Prof. José dos Santos Teodoro, 24

2460 – 396 Cós ◦ Alcobaça ◦ Portugal

Tel. & Fax ++ 351 - 262 544 227
Tlm. ++ 351 - 91 904 16 13

www.bazardasmonjas.blogspot.com

bazardasmonjas@gmail.com


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HISTORIAL DE UM PERCURSO

O saque e a destruição do património monumental português tiveram o seu auge no período que mediou entre o crepúsculo do
Ancien Régime e o dealbar da II República (Estado Novo). Particularmente devastadores foram o período das Guerras Peninsulares, no início do século XIX, com as sucessivas invasões do território português pelas tropas de Napoleão Bonaparte, e as primeiras décadas do século XX, com a implantação da República em Portugal. O clero e a nobreza, antes detentores da quase totalidade daquele património, perdem importantes privilégios e poderes o que explica, a par da circunstância histórica das invasões francesas (um episódio das Guerras Napoleónicas), a apropriação pelo Estado e pela burguesia endinheirada dos valiosos bens outrora pertencentes aos nobres e à Igreja.

O ambiente cultural deste período foi marcado pelo combate entre a fé e o racionalismo, entre a Igreja (católica) e uma ideia novel de Estado, com a segunda a conquistar crescentemente terreno à primeira, como aconteceu no tempo de Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal), o iluminado déspota que acabou na prática, e muito bem, com os Autos-de-fé em Portugal. O clima de anticlericalismo iniciado por Pombal e continuado no essencial pelos liberais manteve-se, com alguns altos e baixos é certo, até ao século XX, altura em que viria a reacender-se com grande intensidade, desta vez alimentado pelo ideário político republicano, ainda inspirado pela já longínqua Revolução Francesa e pelos seus ideais jacobinos. É assim que, a partir de 1910, os bens da Igreja e das Ordens Religiosas são novamente objecto de saque, desta vez sob os auspícios da Proclamada I República.

Não é por isso fácil determinar com rigor qual o período em que a suposta cabeça da estátua de S. Bernardo de Claraval terá sido retirada do seu lugar original.

Se nalgum destes períodos de violência anti-religiosa em particular, ou se em outro qualquer momento menos marcado pelo curso da História. Inclinamo-nos porém a pensar que as marcas de balas existentes em redor do seu nicho poderão ser o resultado de disparos de mosquete dos militares franceses, talvez já em debandada do país após o logro de Masséna nas linhas de Torres Vedras em 1811, no término da terceira e última das invasões, ou talvez anteriormente, por exemplo durante a ocupação da cidade de Leiria ainda durante a terceira invasão. Recorde-se que também em 1811 o Mosteiro de Alcobaça fora saqueado e incendiado pelas tropas francesas do conde d'Erlon, com a destruição dos túmulos de D, Inês e D. Pedro. A força das balas das tropas do exército francês poderá assim ter provocado o desprendimento da cabeça que, ao embater no chão após uma queda de cerca de sete metros de altura, se terá danificado visivelmente, quebrado-se-lhe o nariz e parte do queixo.

Uma história com mais de um século

Tratando-se de um objecto cujo valor era não mais do que simbólico, a cabeça terá sido abandonada naquele ou noutro local não muito distante dali, até ao aparecimento de alguém que decidiu guardá-la para que mais tarde lhe fosse restituída alguma dignidade. Não se sabe quem terá sido; sabe-se apenas que, quando no início do século XX o bisavô de Nuno Monteiro, o Sr. Manuel Vicente Pulquério, adquiriu o velho lagar situado a poucas dezenas de metros do Mosteiro de Cós, a cabeça da estátua ocupava já um nicho numa das paredes do referido lagar. Era aí que o antigo proprietário, o Sr. Rafael Marques, a mantinha, cuidadosamente protegida dos efeitos naturais do tempo, o que preservou nela, como diria Marguerite Yourcenar, aquela beleza involuntária que hoje possui e que lhe advém neste caso unicamente dos acidentes da História. Ninguém sabia exactamente do que se tratava, e era frequente os amigos de visita à adega gracejarem referindo-se à “cabeça do Santo António”.

Deve esclarecer-se aqui que há cerca de um século vivia-se o período correspondente à I República (1910-1926), durante o qual o complexo monástico de Cós viria a ser ocupado (e saqueado) por privados e sujeito a total abandono por parte do Estado (também parte do Mosteiro de Alcobaça, na sequência da extinção das ordens religiosas decretada em 1834, fora vendida em hasta pública a privados, após as pilhagens populares ocorridas no ano anterior). O reconhecimento pelo Estado do interesse público do Mosteiro de Cós, convém lembrá-lo, acontece apenas em 1946. Isto para sublinhar que quando o Sr. Manuel Pulquério, e antes dele o Sr. Rafael Marques, viram na sua propriedade a peça que agora expomos publicamente, eles não sabiam minimamente do que se tratava, e não tinham o dever objectivo de a entregar a alguém ou a alguma instituição em particular. A História encarregara-se de expropriar os bens da Igreja, a quem outrora a peça legitimanente pertencia, e o Estado portugês, então seu principal motor, sancionara a venda a privados dos bens outrora propriedade eclesiástica. De pouco ou nenhum valor à época, a cabeça de pedra conservou-se tal como está unicamente graças à sensibilidade destas pessoas. Seria por isso da mais elementar injustiça alguém pensar em acusá-las agora de terem um dia mantido no seu lagar algo que não lhe pertencesse ou cujo dono, a existir, pudesse ser considerado legítimo.

Questões Jurídico-Legais

Nuno Monteiro, que viveu grande parte da sua vida em Tires (concelho de Cascais), onde seus pais Armindo Monteiro e Maria do Carmo Vieira cedo fixaram residência, herdou de seu bisavô materno, após o falecimento de seu pai, o velho lagar hoje situado na Rua Prof. José dos Santos Teodoro, em Cós. E foi aí que se manteve zelosamente guardada a peça, bem à vista de quem entrasse, sem que o Nuno ou o seu pai tivessem tido alguma vez certezas quanto à sua origem. O que havia eram algumas suspeitas, recentemente surgidas, de que podia talvez tratar-se da cabeça da decapitada estátua de S. Bernardo, suspeitas essas que se foram adensando, sem mesmo assim se converterem em certezas, após o estudo e a consulta a alguns especialistas em arte sacra realizados no âmbito do projecto cultural do Bazar das Monjas de Coz.

Colocava-se agora a questão júridico-legal relativamente ao eventual dever de entrega da peça a alguma entidade competente, designadamente ao IGESPAR. Consultados os especialistas, as conclusões davam ênfase ao facto de a peça fazer parte da propriedade adquirida há cerca de cem anos e de não ter sido descoberta recentemente, por exemplo em resultado de uma qualquer operação de escavação ou de demolição, pelo que não existia neste caso uma clara obrigação legal que pudesse determinar a sua entrega. Colocava-se ainda assim a questão de se saber, caso pudesse persistir alguma espécie de obrigação moral nesse sentido, a quem deveria a peça ser entregue: se à Igreja, original proprietária do bem; se ao Estado que legislara no sentido da expropriação e posterior venda em hasta pública dos bens imóveis da Igreja, ou se ainda a algum descendente dos proprietários que no passado adquiriram títulos legais de propriedade referentes a tais bens. Ou seja, para além de não ser clara a existência de um dever de entrega, subsistiam ainda dúvidas quanto è legítima entidade à qual, a confirmar-se um hipotético dever moral ou subjectivo, deveria ser feita a entrega.

A situação, algo complexa, seria nesta perspectiva comparável à de tantos outros objectos em pedra gravada pertencentes ao complexo monástico, muitos deles de valor patrimonial e/ou artístico não negligenciável, e que outrora foram sendo utilizados pela população local como materiais de construção e até decorativos nas suas casas. Aconteceu isto, por exemplo, com muitas das pedras dos túmulos das abadessas, outrora existentes na destruída Sala do Capítulo. Se porventura o Nuno, ou alguém antes dele, tivessem a obrigação legal de entregar ao Estado a suposta cabeça da estátua, então fazia sentido que o mesmo acontecesse com todas as demais peças e elementos arquitectónicos existentes um pouco por toda a zona envolvente do Mosteiro de Cós, alguns deles bem à vista de toda a gente, e que acabaram por integrar a propriedade de privados, não obstante o seu indiscutível valor patrimonial.

Pesassem embora tais conclusões, e após os estudos realizados pela equipa do Bazar das Monjas que apontavam com grande probabilidade para a autenticidade da peça, o Nuno não hesitou em optar mesmo assim pela sua entrega a quem de direito, porém aproveitando a oportunidade para de alguma forma alertar as autoridades públicas para a necessidade de uma reflexão séria sobre estas questões, bem como quanto à estratégia a adoptar para o desenvolvimento do anunciado projecto de requalificação da zona envolvente do Mosteiro de Cós. O Bazar das Monjas de Coz, a quem Nuno Monteiro confiou a guarda da peça tendo em perspectiva a sua eventual entrega, agradece a grande confiança em si depositada, e saúda publicamente o seu gesto de grande elevação moral e de altruísmo.

OBJECTIVOS DA EXPOSIÇÃO

São dois os objectivos desta exposição:

  1. Alertar as autoridades competentes, e o público em geral, para a existência desta peça, a qual será entregue à entidade ou entidades que publicamente assumirem o restauro da decapitada estátua de S. Bernardo existente no Mosteiro de Cós, após a realização das diligências que considerem necessárias para a confirmação da sua autenticidade; tal entrega, quando e se vier a acontecer, será devidamente publicitada pelo Bazar das Monjas de Coz;

  1. Sensibilizar as autoridades públicas para a importância do envolvimento da comunidade local e das suas instituições no anunciado projecto de requalificação da envolvente do Mosteiro de Cós.

Restaurar Cós, na alvorada do século XXI, (...) pressupõe um diálogo cultural mais intenso com a população local.

In: Cristina de Pina e Sousa e Saul Gomes, Intimidade e Encanto: o Mosteiro Cisterciense de Sta. Maria de Cós. Leiria: Edições Magno (1998, p. 177)

QUEM FOI S. BERNARDO?

[...] a ignorância, ou melhor, as ignorâncias, porque, como lembrais, há duas ignorâncias: a de nós próprios e a de Deus. E vos aconselhava a evitar uma e outra, pois ambas são perdição.

Bernardo de Claraval (1090-1153), Sermão sobre o Conhecimento e a Ignorância

Bernardo de Fontaine, fundador e primeiro abade do Mosteiro de Claraval, nasceu em Dijon, capital da Borgonha, em 1090, e faleceu em Claraval em 1153. Foi o grande propagador da Ordem de Cister, fundada por S. Roberto de Molesme no Mosteiro de Cister em 1098. Temperamento fogoso e grande escritor, São Bernardo foi uma das personalidades mais influentes da primeira metade do século XII, e que terá tido um papel muito importante no reconhecimento pelo Papa da independência do reino de Portugal. O escritor Agostinho da Silva chegou a escrever que «a fundação de Portugal é acto inteiro da potência mística e de acção de São Bernardo, o de Claraval», o que será talvez um pouco excessivo, mas esta opinião realça bem a grande e indubitável influência do Santo nos assuntos do seu tempo. Personalidade complexa e apaixonada, São Bernardo luta sem rodeios contra as heresias e heterodoxias da época. Místico, poeta do amor divino que nunca se cansa de comentar em belíssimas homilias e tratados de teologia, defende a ideia de que tudo, na ascenção do homem para Deus, deve começar pelo conhecimento de si mesmo. É a via necessária para a união com Deus. «Meu Deus, fazei com que eu vos conheça e que eu me conheça. […] É do céu que nos chega este conselho: conhece-te a ti mesmo, oh homem.» Conhecer-se a si mesmo é conhecer a sua miséria e a necessidade do auxílio divino. Quando se tornou monge, aos 22 anos, junto com trinta familiares e amigos, o Mosteiro de Cister ainda era uma casa de futuro incerto, muito pobre, alvo de críticas por parte de outras ordens que julgavam a reforma cisterciense excessiva. No final da sua vida já estavam estabelecidos 243 mosteiros cistercienses em toda a Europa, 60 dos quais fundados pelo próprio Santo. Escrevia assim São Bernardo a propósito da Quaresma e da falta de coerência de muitos cristãos do seu tempo:

Porque é que o jejum de Cristo não é vulgar entre os cristãos? Porque é que os membros não seguem a Cabeça? (Col 1,18). Se recebemos os bens desta Cabeça, não suportaremos os males? Queremos nós rejeitar a sua tristeza e participar das suas alegrias? Se é assim, mostramo-nos indignos de fazer corpo com esta Cabeça. Porque tudo o que ele sofreu, foi por nós. Se nos repugna colaborar na obra da nossa salvação, em que é que mostraremos as suas ajudas? Jejuar com Cristo é pouca coisa para aquele que deve sentar-se com ele à mesa do Pai. Feliz o membro que tiver aderido em tudo a esta Cabeça e a tiver seguido por onde quer que ela tenha ido (Ap 14,4). Por outro lado, se ele vier a ser cortado e separado, será imediatamente privado do sopro da vida…

Para mim, aderir completamente a ti é um bem, ó Cabeça gloriosa e bendita por todos os séculos, sobre a qual os anjos também se inclinam com cobiça (1 Ped 1,12). Eu seguir-te-ei por onde quer que fores. Se passares pelo fogo, não me separarei de ti, e não temerei nenhum mal, porque tu estás comigo (Sl 22,4). Tu carregas as minhas dores e sofres por mim. Tu, o primeiro, tu passaste pela estreita passagem do sofrimento para abrires uma grande entrada aos membros que te seguem. Quem nos separará do amor de Cristo? (Rom 8,35) … Este amor é o perfume que desce da cabeça sobre a barba, que desce também sobre a gola da veste, para a olear até ao mais pequeno fio (Sl 132,2). Na Cabeça encontra-se a plenitude das graças, e dela recebemos tudo. Na Cabeça está toda a misericórdia, na Cabeça o excesso dos perfumes espirituais, como está escrito: “Deus te ungiu com o óleo da alegria” (Sl 44,8) …

E nós, o que é que o evangelho nos pede no início desta Quaresma? “Tu, diz ele, quando jejuares, perfuma a cabeça” (Mt 6,17). Admirável condescendência! O Espírito do Senhor está sobre ele, ungiu-o (Lc 4,18), e contudo, para evangelizar os pobres, ele diz-lhes: “Perfuma a tua cabeça”.

S. Bernardo de Claraval, Sermão 1 para o primeiro dia da Quaresma, 1, 3, 6

1Davy, M.-M. (2005) – Bernardo de Claraval: monge de Cister e mentor dos cavaleiros Templários. Lisboa: Edições Ésquilo.


FICHA TÉCNICA

Título: Exposição da Provável Cabeça de Uma Estátua de São Bernardo de Claraval, Datada de 1669, Após Mais de Um Século de Ausência do seu Lugar Original, Um Nicho Exterior Situado no Lado Sul da Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Cós.

Organização: Bazar das Monjas de Coz – Projecto Cultural

Coordenação: Raquel Romão

Pesquisa Bibliográfica e Textos: Valdemar Rodrigues e Raquel Romão

Tratamento de Imagem: Valdemar Rodrigues

Concepção e Montagem da Exposição: Raquel Romão, Nuno Monteiro e J. Elias Jorge

Fotografia: J. Elias Jorge

Catalogação e Registo Informático: Teresa Elias

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terça-feira, outubro 23, 2007

Bazar das Monjas de Cós Visitou o Mosteiro de São Martinho de Tibães



No âmbito do Projecto Cultural do Bazar das Monjas de Coz, realizou-se no passado dia 11 de Outubro, com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Alcobaça, uma visita ao magnífico Mosteiro beneditino de São Martinho de Tibães. Situado a poucos quilómetros da cidade de Braga, este Mosteiro tem, como o Mosteiro de Cós, uma história marcada pelo saque e destruição, desde as investidas, pombalinas francesas e liberais das primeiras décadas do século XIX até às investidas republicanas e populares das primeiras décadas do século XX. Este Mosteiro foi objecto de um amplo projecto de requalificação iniciado há cerca de vinte anos, e cujos resultados estão hoje à vista de todos. Um dos aspectos salientes deste projecto de requalificação, para além do cuidado posto na reconstituição do espaço monástico, foi o da inclusão da componente espiritual, para o que parte do espaço será ocupada e mantida por uma comunidade religiosa feminina. O Bazar das Monjas de Coz agradece a gentileza e o apoio da Drª Aida Mata, Directora do Mosteiro, bem como dos Arquitectos Maria João Dias Costa e João Carlos dos Santos pelos esclarecimentos técnicos prestados sobre este importante projecto de requalificação do património religioso.

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CeDeCe: Uma Pérola Doce de Cultura em Alcobaça!

Alcobaça deu um grande salto qualitativo nas últimas décadas em termos culturais, é mais que justo reconhecê-lo. Estão de parabéns em primeiro lugar as muitas pessoas envolvidas que trabalharam nesse sentido. E em segundo naturalmente as várias entidades que as apoiaram. Fundada em 1992, a CeDeCe é hoje uma autêntica maravilha de criatividade e juventude que nos orgulha a todos. Na sua rota de aproximação à comunidade e de formação de novos públicos, como refere a organização, vários espectáculos de dança vão animar os palcos do concelho de Alcobaça em Novembro de 2007, no primeiro festival temático, organizado pela Companhia.

O «Exchange International Festival» é o primeiro certame dedicado à dança no concelho e dura toda a primeira quinzena de Novembro fr 2007, com um total de mais de dez encenações. Um dos pontos altos do festival terá lugar no Cine-Teatro de Alcobaça no próximo dia 09, com a actuação do Ballet Nacional da Croácia, um espectáculo em que a organização deposita grandes esperanças de ser um sucesso.

O festival tem início no dia 01, com a actuação do «Moscow Piano Quartet», que inclui música e dança ao vivo no Cine-Teatro de Alcobaça, seguindo-se depois, no dia 03, um espectáculo da Companhia Nacional de Bailado, com obras de Bigonzetti, Forsythe, Olga Roriz e Ismailian.

No dia 14 de Novembro, é a vez do «Quórum Ballet», com uma peça denominada «Uma Viagem Mágica ao Mundo da Dança», que será encenada nos dias 14 e 15 de Novembro.

A CeDeCe, a Escola de Dança do Conservatório Nacional e a Academia de Dança Contemporânea vão apresentar uma peça denominada «O Pássaro - A Dança e outras Linguagens» no dia 16 de Novembro e o encerramento do festival está agendado para o dia seguinte com a actuação do «Ad Lib Trio Acústico» e bailarinos da CeDeCe para apresentar o espectáculo «No Woman's Land».

Além do Cinbe-Teatro de Alcobaça, o palco preferencial para os espectáculos, a organização agendou também actuações em Santa Maria da Feira, Benedita e Leiria, entre outros locais.

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segunda-feira, outubro 22, 2007

Suspense...

Seguindo as regras do Mestre Hitchcock, o Bazar das Monjas gosta de cultivar o suspense, aguçando assim o apetite dos seus amigos para as suas iniciativas culturais. Assim, até ao final do ano o Bazar irá realizar duas importantes exposições, uma delas em Novembro e outra em Dezembro, que têm apenas em comum o facto de darem grande destaque a gente boa da nossa terra. Não falaremos ainda dos pormenores, que a seu tempo se saberão. Diremos apenas que na primeira das exposições estará em destaque o nosso colaborador Nuno Monteiro, e na segunda o Comissário do PRADBA 2007, o nosso querido amigo José Alberto Vasco. Fiquem pois a aguardar as novidades, vão ver que vai valer a pena!

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sexta-feira, outubro 19, 2007

O Mosteiro de Cós: Breve Apontamento Histórico

O saque e a destruição do património monumental português tiveram o seu auge no período que mediou entre o crepúsculo do Ancien Régime e o dealbar da II República (Estado Novo). Particularmente devastadores foram o período das Guerras Peninsulares, no início do século XIX, com as sucessivas invasões do território português pelas tropas de Napoleão Bonaparte, e as primeiras décadas do século XX, com a implantação da República em Portugal. O clero e a nobreza, antes detentores da quase totalidade daquele património, perdem importantes privilégios e poderes o que explica, a par da circunstância histórica das invasões francesas (um episódio das Guerras Napoleónicas), a apropriação pelo Estado e pela burguesia endinheirada de alguns dos valiosos bens outrora pertencentes aos nobres e à Igreja. O ambiente cultural deste período foi marcado pelo combate entre a fé e o racionalismo, entre a Igreja (católica) e uma ideia novel de Estado, com a segunda a conquistar crescentemente terreno à primeira, como aconteceu no tempo de Sebastião José de Carvalho e Melo (Pombal), o iluminado déspota que acabou na prática, e muito bem, com os Autos-de-fé em Portugal. O clima de anticlericalismo iniciado por Pombal e continuado no essencial pelos liberais manteve-se, com alguns altos e baixos é certo, até ao século XX, altura em que viria a reacender-se com grande intensidade, desta vez alimentado pelo ideário político republicano, ainda inspirado pela já longínqua Revolução Francesa e pelos seus ideais jacobinos. E é assim que, a partir de 1910, os bens da Igreja e das Ordens Religiosas são novamente objecto de saque, desta vez sob os auspícios da proclamada República. Não é por isso fácil determinar com rigor qual o período em que terão sido maiores os estragos infligidos ao património monumental de Cós, e muito particularmente ao seu Mosteiro cisterciense. Sabe-se que a terceira invasão pelas tropas francesas foi particularmente devastadora: em 1811 o Mosteiro de Alcobaça foi saqueado e incendiado pelas tropas do conde d'Erlon, e antes a cidade de Leiria havia sido ocupada e pilhada pelos franceses sob o comando do general Masséna. Sabe-se também que durante o período correspondente à I República (1910-1926), o complexo monástico de Cós foi ocupado (e saqueado) por privados e sujeito a total abandono por parte do Estado (também parte do Mosteiro de Alcobaça, na sequência da extinção das ordens religiosas decretada em 1834, fora vendido em hasta pública a privados, após as pilhagens populares ocorridas no ano anterior). O reconhecimento pelo Estado do interesse público do Mosteiro de Cós, convém lembrá-lo, acontece somente em 1946! Mas se desta segunda leva de saques e pilhagem existem vários registos e até algumas memórias vivas, já do fugaz período das invasões francesas, entre 1807 e 1811, os registos documentais e a memória são extremamente pobres. Este é talvez dos períodos da história recente aquele que mais profundamente poderá ter marcado o Mosteiro de Cós, mas que infelizmente parece ser também um dos menos conhecidos e estudados.

Raquel Romão, In Região de Cister, 2-11-2007

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quarta-feira, outubro 17, 2007

MOSCOW PIANO QUARTET EM CÓS

Do Blog do nosso amigo José Alberto Vasvo, o Nas Faldas da Serra, retirámos o seguinte:

Os fãs alcobacenses da boa música e da boa arquitectura têm na noite da próxima sexta-feira, 19 de Outubro, mais uma excelente oportunidade de conciliar aquelas duas artes. Nessa noite, a partir das 21 e 30, será apresentado no Mosteiro de Coz um concerto de música de câmara em que actuará o Moscow Piano Quartet, ensemble musical que este assinou um protocolo com a edilidade alcobacense, assumindo o compromisso de apresentar seis concertos por ano no concelho de Alcobaça. Um deles será esse, num espectáculo com entrada livre, em que será apresentado o seguinte reportório:

1ª Parte- Ludwig Van Beethoven: Grave - Allegro ma non troppo do Quarteto com Piano op. 16 bis (1810), Gustav Mahler: Quarteto com Piano (1878), Alfred Schnitke: Quarteto com Piano (1988), Robert Schumann: Andante cantabile do Quarteto com Piano op. 47 (1842), Johannes Brahms: Scherzo do Quarteto com Piano nº 2 op. 26 (1861).

2ª Parte- Joly Braga Santos: Quarteto com Piano op. 26 (1957), Serguei Taneiev: Adagio piu tosto largo do Quarteto com Piano op. 20 (1905), Joaquin Turina: Vivo do Quarteto em l· menor op. 67 (1932), Eduard Napravnik: Allegro risoluto do Quarteto com Piano op. 42 (1882).

Apenas pode esperar-se um espectáculo em que tudo corra bem, sendo também para isso essencial que o público chegue a horas, desligue os telemóveis durante o concerto e não se ponha a desenrolar papéis de rebuçado durante o espectáculo, que será repetido, no sábado, às 18 horas, no Auditório dos Bombeiros Voluntários de Pataias. É de ir!

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segunda-feira, outubro 15, 2007

Regulamento do PRADBA disponível (também) em Inglês

Já está disponível, para os concorrentes estrangeiros interessados, o Regulamento do PRADBA em língua inglesa.

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segunda-feira, outubro 08, 2007

Troféu PRADBA 2007

PRÉMIO DE REVELAÇÃO ARTÍSTICA

D. BENTA DE AGUIAR

PRADBA 2007

COMUNICADO DE IMPRENSA

Cós – Alcobaça, 8 de Outubro de 2007

De acordo com a estratégia definida para a divulgação do Prémio de Revelação Artística D. Benta de Aguiar (PRADBA), é com grande prazer que vos anunciamos agora o Troféu PRADBA 2007, da autoria da escultora Madalena Metelo, e que foi produzido por sugestão do nosso querido amigo e consagrado escultor alcobacense José Aurélio, durante um estágio realizado pela autora no seu atelier em Alcobaça durante o Verão de 2007 .

Madalena Metelo nasceu em Lisboa em 1981. É elemento do Centro de Estudos Volte Face - Medalha Contemporânea e elemento fundador do Núcleo de Escultura, sedeado na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL). Entre 1987 e 1998 estudou Piano e Formação Musical em escolas particulares e no Orfeão de Leiria. Em 1999 ingressou na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, tendo ali frequentado o 2º ano do curso de Pintura. Em 2003 concluiu o Bacharelato em Artes Plásticas - Escultura pela mesma Faculdade. Paralelamente frequentou cursos nas áreas da História da Arte, Medalhística, Fundição e Raku em Universidades e Museus Portugueses. Em 2005 concluiu a sua Licenciatura em Artes Plásticas - Escultura. Especializou-se na tecnologia de Escultura em Pedra. Frequentou também os cursos de Cerâmica, Fotografia, Desenho, Medalhística e Escultura em Metal na mesma FBAUL. Participou em diversos concursos na área da Escultura, Medalha e Troféu. Em 2007 realizou o Curso de Cerâmica Criativa no CENCAL, Caldas-da-Rainha, com estágio curricular orientado pelo escultor José Aurélio, durante o qual executou o Troféu PRADBA 2007.


A obra ilustra a frase do epitáfio de D. Benta de Aguiar: "Benta na Vida, Águia na subida ao Ceo". Trata-se de uma peça cerâmica de grande beleza e sobriedade plástica, de cor branca, com cerca de 30 cm de altura e com um peso de cerca de 0,6 kg.




Águia ou pomba, poema que não se abraça

enlevado pela claridade de um céu infinito,

que agradece ao vento o vértice das alturas.

Comba alva que se eleva

acima de tudo o que as asas alcançam,

máxima essência da alma despegada

assim da cruz de uma vida feita

como quem entalha um sonho.


Estelo de vidas encantadas, perpétuo

Regaço de mulheres castas em clausura,

Orando e benzendo o pão.

Orando e colhendo vergônteas perfumadas

De alecrim e rosmaninho cerca adentro.


Quantas dádivas de Deus reveladas, quantas noites

de sacrifício nesses outonos de Cós

Tão intensos de frio e nevoeiros!

Quantas visões de futuro, quantas místicas visões

De fome atroz e reverenciais temores, de batalhas perdidas

E vencidas, lutando por fora e por dentro

Onde o mais puro silêncio de nós enraíza!


O teu coração de menina, piedoso e certo

Entregaste-o a Deus Pai qual um troféu

Foste benta em vida, foste pomba,

Foste depois águia na subida ao Céu.


Poema: Valdemar Rodrigues; Fotos: J. Elias Jorge

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segunda-feira, outubro 01, 2007

O Nuno Monteiro: Novo Colaborador do projecto cultural do Bazar das Monjas de Coz

É assim: esta ligação à terra e às nossas raízes vai atraindo gente boa e sábia para a nossa ilharga. É o caso do Nuno Miguel do Carmo Vieira Monteiro, para os amigos o "Nuno", neto e filho de gente sã desta terra e que nela guarda ainda o património herdado de pais e avós. O Nuno nasceu em Cascais em Março de 1963, terra por onde andou (em Tires) a maior parte da sua vida, até há bem pouco tempo. Dentro em breve o Nuno será mais um residente fixo desta nossa bela aldeia de Cós, e só esperamos que atrás dele venham mais. O Nuno é uma pessoa muito especial que, contrariamente a tantas outras, conseguiu por seu mérito e com grande esforço pessoal de renúncia, escapar a essa sinistra teia banco-imobiliária que nos vai atraindo para a "vida moderna" e dessa forma nos força a hipotecar o passado e o futuro, em troca de um presente sem esperança. O que é muito mais de meio caminho para a escravidão. Ele não se endividou para comprar casa em Lisboa ou nos arredores e o seu automóvel é hoje concerteza considerado pelo Estado como muito "poluente" (pois tem mais de 7 anos de idade!). Ele conservou até agora tudo aquilo que lhe foi entregue pelos seus ascendentes, o seu falecido pai Armindo Lopes Henriques Monteiro e sua mãe, felizmente ainda entre nós, Maria Fernanda do Carmo Vieira. E esses bens, por pouco valor económico que tenham (uma pequena casa na aldeia, um velho lagar de azeite...), são aquilo que o faz sentir-se hoje pertença de um chão que é seu e que guarda memória dos pés que o pisaram e das mãos que o mereceram. Assim devia acontecer também com aquilo a que chamamos hoje Pátria, identidade feita de sangue lusitano atraiçoado e de mouriscas derrotas, de castelhanas conquistas e restaurações, de alianças e desavenças, de amores e desamores, de vinho, de pão e de poesia.

O Nuno tem como "habilitações literárias" o 12º Ano de escolaridade (área A - Quimicotecnia). Fez o Curso de Inglês do Instituto de Línguas de Portugal (ILP) e vários cursos de formação na área da Informática/programação. Fez o Curso de Escafandrista Semiautónomo no Centro Português de Actividades Subaquáticas (CPAS) e o Curso de Socorros a Náufragos do IInstituto de Socorros a Náufragos (ISN). Fez mais recentemente com o grande mestre Gilberto Grácio o Curso de Restauro de Instrumentos Musicais Tradicionais Portugueses Cordofones. Cumpriu o Serviço Militar Obrigatório no Hospital Militar Principal (Estrela - Lisboa). Trabalhou de 1985 a 1992 no grupo AEROCONDOR (Aeródromo Municipal de Cascais) como responsável do Departamento de Informática. Entre 1992 e 1996 colaborou a tempo parcial com a VINAIR HELICOPTERS, Lda., com sede no Aeródromo Municipal de Cascais. Entre 1996 e 200 dedicou-se em Tires a trabalhos voluntários de vária natureza, designadamente no apoio à 3ª idade. Desde 2000 que se dedicou à actividade de luthier (construtor de instrumentos musicais), até 2005 em parceria com o mestre Gilberto Grácio. Desde 2005 que exerce essa actividade por conta própria, em colaboração pontual com o mestre Manuel Domingos. Actualmente integra a comissão instaladora da Associação Cristã D. Benta de Aguiar para o estudo e a defesa do património da Freguesia de Cós. Colabora com o Bazar das Monjas de Coz desde Junho de 2007. Bem-vindo Nuno! São os votos deste teu amigo que contigo tantas vezes pelejou na infância ao futebol. Mas diga-se em verdade que eras tu quem nelhor jogava...

Valdemar Rodrigues

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