sexta-feira, junho 09, 2006

As Monjas de Cós

Tanto quanto se sabe a fundação do Mosteiro de Cós, em 1279, deve-se a um Abade alcobacense com o nome de D. Fernando, em cumprimento de uma cláusula testamentária estabelecida por D. Sancho I. A data do estabelecimento da casa conventual parece porém ser anterior àquela, já que em 1241 há conhecimento da existência das freiras de Cós. Em Cós começaram por instalar-se algumas mulheres, possivelmente viúvas, talvez merceeiras, buscando um viver retirado. Assim sendo, ter-se-lhes-ia concedido em mercê, abrigo e protecção em troca de serviços espirituais: orações pelas almas de vivos e dos mortos. Essas mulheres seriam umas virtuosas viúvas que, instaladas em Cós lavavam as roupas dos frades bernardos de Alcobaça. Estas obrigações mais terra-a-terra sem dúvida, mas igualmente servindo a santa religião nas pessoas dos seus fiéis monges. Estes libertos destas tarefas mais comezinhas, como seriam as de desencardir, lavar, passar, remendar, costurar as próprias roupagens, mais tempo lhes sobraria para servirem a Deus e cuidarem da sua avantajada herdade.

Com isto as virtuosas viúvas servindo os bernardinos obteriam contrapartidas terrestres, nomeadamente no que se refere a géneros alimentares. Entretanto mais ou menos por volta de 1532 as viúvas deram lugar a mulheres de condição matrimonial não especificada, mas sós. Eram já muito mais numerosas do que as viúvas e formaram uma comunidade de freiras.

Estas mudanças fizeram-se a par de uma alteração nos hábitos dos bons frades que, diminuindo de número, tornando mais equilibrada a relação masculino/feminino, abrandaram também o rigor da observância. Nos primeiros tempos a roupa dos frades era lavada pelas comuns viúvas sem se ter em conta o seu proprietário, num serviço não personalizado. Porém com o decorrer dos tempos cada um dos bernardos passou a escolher a sua própria lavadeira, dirigindo-se a uma ou outra, em conformidade com as suas preferências. Como contrapartida dos serviços prestados, os monges de Alcobaça providenciaram a que nada faltasse às damas, incluindo alimentação, alojamento e tudo o mais necessário.
The Nuns of Cós
As much as is known the foundation of the Monastery of Cós, in 1279, was due to an abbot from Alcobaça, named D. Fernando, fulfilling a testamentary clause stated by the King D. Sancho I.The establishment date of the conventual house seems however to be previous to that, since in 1421 there was already knowledge of the existence of nuns in the village.

Some women searching for a retired life - probably widows or grocers - began to settle in Cós still before the foundation of the monastery. Thus, shelter and protection would have been granted in mercy to these women, in exchange for their spiritual services which mainly consisted of prayers for the souls of the living and of the dead. These women would act as virtuous widows who, once installed in Cós, were taking care of the garments of the Cistercian Bernard of Clairvaux monks from Alcobaça’s monastery.

These obligations, actually more earthly but also believed to serve the holy religion personified in their faithed monks who, released from domestic tasks such as sewing, clothes washing, mending, and others, could dedicate more time to serve God and to farm and maintain their agricultural lands and property.

With this the virtuous widows that were serving the Cistercian monks would obtain earthly counterparts, namely food products. In the meanwhile, roughly by the year of 1532, the widows gave place to women of unspecified marriage condition, but alone. They were already much more numerous than the widows and formed a community of nuns


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