domingo, novembro 11, 2007

Membros do Projecto Cultural do Bazar das Monjas: Paulo Ascenso Mateus

Sempre desfasados no tempo, cumpre-nos aqui apresentar e agradecer a uma das pessoas que desde o seu início mais tem contribuído para o sucesso do projecto cultural do Bazar das Monjas, designadamente na área da manutenção e instalação de equipamentos. O Paulo Ascenso Mateus não tem nenhum curso "homolgado" pelo Estado, porém faz coisas que poucos imaginam! É um autodidacta, que aos 7 anos fazia instalaçoes eléctricas e aos 10 montava (e desmontava) rádios e televisões. É uma daquelas pessoas que teve a sorte de cedo ter abandonado o "sistema de ensino estatal", o que lhe permitiu aprender muitas coisas práticas e preparar-se para o mundo selvagem em que hoje todos vivemos. É inventor, toma banho de água fria, nunca contraiu empréstimos bancários, tem casa e carro pagos e algum dinheirito (o que tem chega-lhe perfeitamente para as despesas), coisa de que muito poucos da sua idade (42 anos) se podem actualmente gabar neste país. Pratica desporto e é um expert em electrónica (arranja só porque lhe dá gozo televisores que as lojas dizem não ter reparação e que de outra forma iriam parar ao lixo, o que faz dele um verdadeiro cidadão ecológico). O Paulo Mateus é daquelas pessoas deste país que ninguém vê, porque são demasiado francas e honestas. Mas que para nossa felicidade ainda subsistem. E é por isso que é nosso amigo e que pode contar connosco para o que precisar. Até agora somos nós que temos precisado mais dele. Trocamos serviços, em regime de troca directa (situação ilegal concetreza, à luz das euroleis "democráticas"). Uma sopa e uma sandes de presunto paga a reparação do alarme do Bazar ou a da tostadeira que entretanto avariou. Em poucos lados estas coisas funcionam hoje assim. Para mal de todos nós, claro está, que vamos sendo cada vez mais pobres. Mas aqui em Cós, com amigos junto dos quais crescemos e que sobreviveram, como poucos de nós, ao assassínio causado pelo negócio das drogas que tanta gente "boa" enriqueceu neste país (infelizmente o assassinato ainda prossegue, e sempre com novas "receitas", pois o demónio nunca dorme), ainda é possível ter alguma esperança. Muito obrigado Paulo Ascenso Mateus por estares connosco. E louvado sejas por teres conseguido sobreviver sozinho à droga, ao "cavalo" e ao "pó", sem nunca teres tido nenhuma "ajuda" estatal (o que talvez te tenha afinal salvo!). Hoje és um homem mais forte seguramente também por isso! Fica este texto, impublicável onde quer que fosse além deste blogue, como prova da nossa sincera amizade por ti! Talvez que alguém leia como ainda é possível neste país manterem-se lado-a-lado os amigos da infância...

Valdemar Rodrigues

PS: Porei aqui uma fotografia tua quando arranjares uma de que gostes.

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