quinta-feira, dezembro 25, 2008

Poema de Natal

Fonte da imagem: aqui.

Partilhamos convosco o poema de Natal que nos foi oferecido como prenda pelo Paulo Ferreira Borges, esse grande poeta bem vivo do nosso concelho.

À
MESA INTENSA DOS ENCONTROS

O Natal vem da infância do tempo, é uma criança

com coração de estrela prometida e um desejo

mais ardente, embalado no berço das promessas.

O Natal chega alado na bruma de Dezembro,

uma asa de temperança outra de esperança

e um frémito branco a lastrar no sorriso.

Chega com seus passos transidos de frio

e traz na mão a calentura dos afectos

e entra pela porta calada da meia-noite

que é uma chaminé de demoras abissais.

O Natal chega e senta-se à mesa intensa dos encontros.

Tem o aroma das filhós e das azevias,

um leve travo a lenha consumida

e conta histórias antigas de avós meninos

e tem nome de pai e ternura de mãe

e ar de brincadeira de irmão mais novo

e palavras de amigo que se guardam para sempre.

É menos feliz, visto de tão perto, o Natal,

uma pequena lágrima rola-lhe ao canto do olho,

com o brilho de uma dor e a cor que escurece as fomes.

Um pianíssimo coro de vozes mínimas entra,

como um arrepio, por nós adentro e ninguém,

ninguém se atreve a ignorar os meninos agachados na sombra.

O Natal chega. Aconchega. Convida.

Dura apenas o tempo de uma vela

ou a eternidade imponderável de uma memória!

Paulo Ferreira Borges

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